Parauapebas: Mãe diz que filho recém-nascido morreu por negligência médica e administrativa no HGP

A criança nasceu no dia 11 de agosto e veio a óbito 5 dias depois. Segundo a mãe, o bebê teve diversas complicações após o nascimento por negligência da casa de saúde. Após a morte, foi informado que a criança nasceu com problema cardíaco e, mesmo a equipe médicas e a direção do hospital sabendo disso, não providenciaram, a tempo, cardiologista para atendê-lo, o que poderia ter salvado sua vida

Eliene culpa péssimo atendimento do HGP pela morte do filho. Criança sofreu e faleceu sem receber atendimento adequado


Parauapebas/PA - Eliene Machado Ferreira registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e ao Adolescente de Parauapebas (Deaca/Parauapebas), no sudeste do Pará, contra a direção do Hospital Geral de Parauapebas (HGP) e também a equipe médica que atendeu o seu bebê, Antony Ravi Pereira Duran, que faleceu cinco dias após o seu nascimento. A criança nasceu na madrugada do dia 11 de agosto e veio no final da tarde do dia 16.

Eliene detalha que quando estava em trabalho de parto ficou acompanhada na maternidade do HGP por sua irmã, Euzilene Machado Pereira. Segundo ela, o seu parto teria ocorrido tudo normal e a criança aparentemente nasceu bem.

De acordo com Eliene, o bebê mamava, mas com dificuldade e foi verificado pelos médicos que ele tinha língua presa, o que ela pôde observar. No dia seguinte, dia 12, ao conferir os batimentos cardíacos, o enfermeira verificou que a criança estava com febre e informou que ela seria levada para a UCI, para ser medicada.

Por volta das 17h, o pai do bebê foi visitá-lo e a pediatra informou que a febre havia passado, mas em virtude da dificuldade que estava tendo para mamar, ia permanecer na UCI até ganhar peso. Nos dias 13 e 14, Eliene relata que ia a cada 3 horas amamentar Antony e os médicos sempre dizendo que ele estava estável e sem complicações.

Sondas - No entanto, no dia 15, ao chegar para amamentá-lo, Eliene conta que o bebê estava com sonda na boca e no seu órgão genital. Ao questionar o motivo das sondas, a enfermeira que lá estava explicou que a amamentação não estava sendo suficiente e que a sonda da boca era para alimentá-lo e a outra para coletar o xixi.

No mesmo dia, às 17h, na hora da visita, o pai do bebê perguntou como ele estava e a pediatra disse que ele havia apresentado complicações nos rins e que eles estavam tentando coletar a urina dele. Ela também alegou que estavam aguardando ele ser consultado por um cardiologista, para depois solicitar a sua transferência para uma UTI Neonatal em Marabá, Belém ou Tucuruí, onde houvesse vaga. 


No outro dia, dia 16, às 8h, ao chegar para amamentar Antony, Eliene conta que viu que ele estava com um acesso na perna. Ao perguntar para uma enfermeira sobre o procedimento, ela alegou que era para poder hidratá-lo com soro e ele pudesse fazer xixi.

Cardiologista não solicitado

Preocupada com mais esse procedimento, Eliene e o pai do bebê foram até a direção do HGP, onde foram recebidos por uma mulher identificada como Natasha, que disse que era a diretora da casa de saúde. O pai relatou a situação do filho, dizendo que a pediatra tinha informado que estava aguardando ele ser avaliado por um cardiologista, para então ser solicitada a transferência dele para uma UTI Neonatal em Marabá, Belém ou Tucuruí.

Eles ficaram surpresos ao serem informados por Natasha, que não havia nenhuma solicitação de cardiologista para consultar o bebê. Ela, no entanto, pediu para que eles aguardassem, que até às 12h um cardiologista passaria para consultar a criança.

Diretora não autorizou exame em clínica particular

O pai argumentou que a pediatra havia solicitado um exame de ecocardiograma e se eles poderiam liberar o bebê para fazer o exame em uma clínica particular. A diretora disse que isso não poderia ser feito, porque o hospital é gerenciado por uma empresa terceirizada e o exame seria feito no próprio HGP.

Por volta de 11h, o pai conseguiu entrar na UCI para ver o bebê e viu que agora ele já estava com dois acessos, um em cada perna. Ao observar que um líquido escuro estava saindo da sonda que estava na boca da criança, ele questionou o que era aquilo e foi informado por uma enfermeira que estava sendo feita uma lavagem estomacal no bebê e que a secreção era o que estava no estômago dele. Ela ainda disse que a criança ia ficar 24 horas em observação.

Piora- Nessa hora, a pediatra, ao ver o pai no local, o chamou e disse que a situação do bebê estava se agravando e que seria solicitada a transferência dele mesmo sem a avaliação do cardiologista e pediu que eles fossem buscar roupas para acompanhá-lo.

Ao retornarem, detalha Eliene, uma enfermeira informou que apenas um deles poderia acompanhar o bebê. Foi solicitado que o pai ficasse do lado de fora e ela entrou na UCI e viu a enfermeira conversando com a pediatra e mostrando a fralda suja de sangue. 

Desesperada, ela falou com o pai da criança sobre o sangue na fralda e os dois foram até a direção do HGP, onde foram orientados pela diretora a voltar às 16h30, que ela iria passar o relatório sobre a situação do bebê. No horário, eles foram até lá e Natasha disse que, em virtude de não ter sido solicitado cardiologista antes, o profissional que atende a casa de saúde não poderia ir naquele dia ver a criança, mas que ela tinha conseguido um cardiologista de outro hospital e ele iria atender o bebê até às 20h.

Últimos momentos com o filho 

Às 17h, na hora da visita, Eliene diz que, ao entrar na sala, viu o filho deitado de lado e observou que o rostinho dele estava inchado. O pai viu o bebê abrir o olho esquerdo e na sequência a mãozinha dele começou a ter espasmos. Ele segurou a mão de Antony e uma enfermeira veio e aplicou uma injeção no pé dele, que não teve qualquer reação. Segundo ela, a seringa era grande e a injeção foi dada rapidamente. 

De acordo com Eliene, ela observou que o pé e a barriga do filho estavam inchados, assim como sua barriga estava dura. Eles chamaram a enfermeira, que disse que aquilo era 'normal'. O pai então observou que o medidor cardíaco estava parado.

Logo outras enfermeiras vieram e disseram que iam trocar Antony e  pediram que eles se retirassem. Segundo Eliene, ela e o pai do bebê ficaram no corredor. Pouco depois saiu às pressas a mãe de um bebê que estava no leito ao lado do de Antony.

"Perguntamos o que estava acontecendo, e ela disse que tinham pedido para ela sair. Momentos depois a pediatra passou por nós e entrou na sala. Como a porta ficou entreaberta, eu vi ela fazendo massagens cardíacas no bebê. Uma enfermeira me viu e pediu para eu sair. Depois passou uma enfermeira e pedimos informação, mas ela nos ignorou. Depois a pediatra nos chamou em uma sala e disse que o bebê não tinha resistido. Ela disse que fez de tudo para reanimá-lo, mas sem sucesso", detalha Eliene.

Ela observa que no documento entregue pelo HGP e na certidão de óbito constam que o bebê era cardiopata desde o nascimento. No entanto, destaca, mesmo eles tendo essa informação, não agilizaram para que o bebê passasse por uma avaliação de um cardiologista e esperaram que a situação dele se agravasse, até que não resistiu. Segundo Eliene, durante o período que seu filho esteve intenado, não tinha médico cardiologista no hospital.

Investigação - O caso está sendo investigado pela delegada Ana Carolina. Segundo denúncias, casos de negligência e que resultaram em mortes de bebês e mães são corriqueiros no HGP. São várias denúncias contra a casa de saúde. 

O NNC tentou, mas não conseguiu contato com a direção do HGP. O espaço, no entanto, está aberto para a posição do hospital sobre o caso. 


Por Tina DeBord

Comentários

  1. Muito triste a situação do HGP de parauapebas a onde vidas estão sendo ceifadas por Negligência,por conta de políticos que não estáo nem aí com a vida.mais o roubo e visível..que o Senhor conforte seu coração mãezinha ❤️

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