CRIME AMBIENTAL| MPF processa governo federal e pede combate urgente ao desmatamento na TI Trincheira-Bacajá
Ação aponta risco de conflito iminente no local. O MPF pede medidas urgentes para conter as invasões e o desmatamento que tornaram a área, nos últimos três anos, uma das mais desmatadas da Amazônia
Redenção/PA - O Ministério Público Federal (MPF) acionou a
Justiça Federal em Redenção, no sul do Pará, para que obrigue o governo
federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (Ibama) a fazerem fiscalizações emergenciais e imediatas na Terra
Indígena Trincheira-Bacajá, do povo Xikrin Mebengokrê, para conter as invasões
e o desmatamento que tornaram a área, nos últimos três anos, uma das mais
desmatadas da Amazônia.
Em 2020, a Trincheira-Bacajá alcançou o quarto lugar no
ranking das áreas indígenas mais desmatadas na região, de acordo com dados do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e os próprios Xikrin
denunciaram a situação à Funai, ao Ibama e ao MPF. Eles avisaram que os
invasores estavam se aproximando demais de algumas de suas aldeias, o que pode
levar a um conflito a qualquer momento.
O MPF pressionou a Funai e o Ibama diversas vezes para que
fossem tomadas providências, sem resultado, o que caracteriza a omissão das
duas instituições que deveriam proteger os povos indígenas e o meio ambiente.
Na ação, o MPF assinala que, ao criar o Conselho Nacional da Amazônia Legal e
concentrar suas atividades na vice-presidência da República, o governo federal
retirou o controle das fiscalizações ambientais do órgão com maior expertise técnica,
que é o Ministério do Meio Ambiente.
Fiscalização tolhida
– “Malgrado não ter havido alteração legislativa que retirasse do Ibama o livre
exercício do poder de polícia ambiental, fato é que a autarquia vem sendo
ilegalmente tolhida em sua atividade fiscalizatória”, diz a ação judicial.
Para o MPF, “é fato notório que o poder executivo federal se
omite deliberada e ilegalmente no seu dever de proteção territorial das terras
indígenas. Por essa razão, urge que o poder judiciário faça cumprir a lei e
determine à União que empregue todas as forças e órgãos de segurança a ela
vinculados ou com ela articulados, das esferas estadual e municipal, para
coibir as invasões e explorações ilícitas na Terra Indígena Trincheira-Bacajá,
especialmente nas áreas discriminadas no objeto desta ação”.
A ação pede que a Justiça Federal conceda liminar (ordem
urgente) para obrigar o Ibama a deflagrar fiscalizações emergenciais, devendo
inutilizar qualquer máquina, equipamentos e bases de apoio aos invasores. A
liminar pode obrigar também a União a empregar e engajar todas as forças civis
e militares e órgãos de segurança, federais ou estaduais, com apoio de
aeronaves, servidores e o que mais for necessário, para coibir as invasões na
Terra Indígena Trincheira-Bacajá.
O MPF também pediu que a União seja obrigada a instaurar
inquéritos policiais ou dar andamento prioritário aos que já existem que tenham
como objeto os crimes de invasão, exploração e usurpação ilegal no interior da
área, no âmbito da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. O objetivo é que
tais investigações sejam concluídas no prazo máximo de seis meses.
A Funai deve ser obrigada, caso os pedidos do MPF sejam
aceitos, a elaborar relatório técnico detalhado mapeando a expansão das
invasões e desmatamentos por ela ocasionados dentro da Terra Indígena
Trincheira-Bacajá, compartilhando os resultados com o MPF e com a PF.
Fonte: MPF
Foto: Divulgação
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