Combate à Corrupção| Prefeito pagava vereadores em um esquema de fraude que surrupiou até dinheiro da merenda escolar no Amapá
A PF intensificou esta semana o combate à fraude em licitações, com operações realizadas no Pará, Maranhão e Amapá
Porto Grande/AP- A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (28/04), a Operação “Mensário”, que contou com a participação de mais de 40 policiais federais para o cumprimento de 14 mandados de busca e apreensão na cidade de Porto Grande, no Amapá. Ontem, quarta-feira (27/4), a PF realizou operações de combate à corrupção no Pará e Maranhão, onde foram afastados o prefeito, secretárias e vários servidores da prefeitura de Santa Inês.
Na ação no Amapá, por decisão do Tribunal Regional Federal
da 1ª Região, ainda como medidas restritivas dessa ação, o prefeito do
município de Porto Grande também foi afastado do cargo e outras medidas
cautelares diversas da prisão foram aplicadas, tais como: pagamento de R$ 20
mil em 72h e proibição de comparecimento à sede da Prefeitura.
A investigação
Segundo a PF, os trabalhos de hoje, que têm como foco o
grupo político, é uma continuidade das Operações deflagradas no dia de ontem
(27/4) – “Confiedere e Stadio”, indicaram a atuação de uma organização
criminosa estruturada e com divisão de tarefas nas secretarias municipais de
Saúde, Educação e Obras de Porto Grande. O grupo agia no direcionamento de
licitações e superfaturamento de contratos, desviando recursos públicos e se
enriquecendo indevidamente.
A PF diz que há indícios de que o prefeito de Porto Grande, juntamente com secretários, ex-secretários municipais, além de um pregoeiro, direcionava licitações para empresários de sua confiança. Estes, em contratos superfaturados nas áreas de saúde, educação e obras, recebiam valores que, posteriormente, seriam repassados aos referidos agentes públicos. A PF identificou fraudes em notas fiscais de pagamento em que produtos da merenda escolar sequer chegaram a ser entregues, tendo somente sido lançadas as aquisições fraudulentamente nas notas para gerar pagamento e consequente desvio da verba pública.
Ainda como exemplo do esquema de desvio de verba na saúde,
foram expedidas outras notas fiscais “frias”, como se estivessem sendo
comprados remédios, gerando pagamento a determinado empresário, o qual não
entregou medicamento algum à Prefeitura, mas recebeu os valores, e fortes
indícios apontam para o repasse de parte do montante ao prefeito.
A PF ainda descobriu que parte do dinheiro desviado era
destinado pelo prefeito a vereadores do município, mensalmente, para que o
chefe do Executivo Municipal mantivesse o apoio político. O valor pago era em
torno de R$ 2 mil para cada vereador, sendo quatro da atual legislatura e três
vereadores da passada.
Durante o cumprimento das buscas, na casa de um dos
vereadores foi encontrada uma arma de fogo sem registro. Ele foi preso em
flagrante por posse irregular de arma de fogo e conduzido à sede da PF para os
procedimentos cabíveis.
Ainda no decorrer dos trabalhos, na residência do prefeito
foram apreendidas duas armas de fogo (revólver calibre .38 e uma pistola com
calibre .32) com registros vencidos. Foi apreendida também na residência dele a
quantia de 2.350 dólares (cerca de R$ 12 mil), mídias e documentos de interesse
para a investigação.
Os investigados poderão responder pelos crimes de
organização criminosa, corrupção ativa e passiva e fraude à licitação, cujas
penas somadas podem chegar a 28 anos de reclusão. O termo
Mensário está relacionado exclusivamente com a periodicidade
de algo (pagamento mensal do prefeito aos vereadores).
Fonte: PF
Fotos: PF
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