Após pior catástrofe aérea do país, Coreia do Sul inicia 'inspeção minuciosa' de aviões Boeing 737-800
Aeronave transportava 181 pessoas da Tailândia para a Coreia do Sul quando emitiu um pedido de socorro e aterrissou sem o trem de pouso. No impacto contra um muro, 179 pessoas morreram
MUAN/Coreia do Sul - As autoridades da Coreia do Sul ordenaram nesta segunda-feira que seja realizada uma “inspeção minuciosa” de todos os Boeing 737-800 operados pelas companhias aéreas do país, um dia após a queda de um desses aviões durante o pouso, que causou a morte de 179 pessoas. Investigadores sul-coreanos e norte-americanos estão tentando determinar o que provocou a pior tragédia aérea da história do país asiático, inicialmente atribuída pelas autoridades a uma colisão com pássaros.
A aeronave transportava 181 pessoas da Tailândia para a Coreia do Sul quando emitiu um pedido de socorro e pousou sem o trem de pouso, antes de colidir contra um muro e explodir em chamas. Todas as pessoas a bordo do voo 2216 da companhia aérea de baixo custo Jeju Air morreram, com exceção de dois comissários de bordo que foram resgatadas com vida dos destroços.
O país iniciou nesta segunda-feira sete dias de luto, com bandeiras hasteadas a meio-mastro. O presidente interino, Choi Sang-mok, visitou o local do acidente, na cidade de Muan, no sudoeste do país, para participar de um memorial.
O líder, que assumiu o cargo na última sexta-feira (27/12), afirmou que o governo faria "todos os esforços" possíveis para identificar as vítimas e oferecer apoio às famílias das vítimas.
A Coreia do Sul possui um histórico sólido de segurança aérea, e as duas caixas-pretas do voo foram recuperadas.
Até o momento, os investigadores identificaram 146 vítimas por meio de análises de DNA ou impressões digitais. Familiares das vítimas passaram a noite em tendas montadas dentro do aeroporto, aguardando notícias sobre seus entes queridos.
"Eu tinha um filho a bordo do avião", disse um idoso que esperava no saguão do aeroporto e preferiu não revelar seu nome. Ele afirmou que seu filho ainda não havia sido identificado.
Na manhã desta segunda-feira (30/12), no local do acidente, um casal observava os destroços retorcidos do avião, espalhados próximos à cauda queimada. Os passageiros, com idades entre 3 e 78 anos, eram todos coreanos, exceto por dois tailandeses, de acordo com as autoridades.
Outro avião da Jeju Air apresentou problemas no trem de pouso e precisou retornar ao aeroporto de Gimpo, em Seul, pouco após decolar nesta segunda-feira, informou a companhia aérea. Um representante da empresa disse à AFP que estão analisando o ocorrido nesse caso.
A causa inicialmente apontada para o acidente de domingo foi uma colisão com pássaros, e a torre de controle havia emitido um alerta sobre isso pouco antes do desastre. No entanto, especialistas que analisaram os vídeos do pouso sugeriram que a construção do aeroporto pode ter contribuído para a tragédia.
Kim Kwang-il, ex-piloto e professor de aeronáutica da Universidade de Silla, disse estar "bastante indignado" ao revisar o vídeo do avião, que fez um pouso de emergência antes de colidir com um muro.
"Não deveria haver uma estrutura sólida naquela área. "Normalmente, ao final de uma pista, não há obstruções sólidas, o que contraria os padrões internacionais de segurança aérea" comentou à AFP.
O especialista acrescentou que, fora do aeroporto, costumam existir apenas cercas leves e que não causariam danos significativos.
"O avião teria deslizado até parar sozinho. Essa estrutura desnecessária é extremamente lamentável", acrescentou.
O Papa Francisco declarou no domingo que rezava pelas vítimas, enquanto líderes mundiais, incluindo representantes da China, da União Europeia e do Irã, também enviaram mensagens de condolências.
Comentários
Postar um comentário