Valdemar implode núcleo bolsonarista com fala sobre proposta golpista

O cacique do PL disse, em entrevistas ao Jornal O GLOBO, que "havia propostas de decreto golpista na casa de todo mundo". Já prevendo efeito dominó, ex-ministros de Bolsonaro já começam a se defender, dizendo que nunca tiveram acesso a proposta de golpe de Estado, mas reconhecem que ela existia


Brasília/DF - A declaração do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, de que que "havia propostas de decretos golpistas na casa de todo mundo” caiu como uma bomba entre aliados e que fizeram parte do governo de Jair Bolsonaro, que já temem pelas investigações que estão em andamento. Costa Neto deu a declaração durante entrevista à repórter Jussara Soares, do Jornal O GLOBO.

Segundo informações, ao menos três ex-ministro de Bolsonaro já se anteciparam e criticaram a fala do presidente do PL, mas admitem a existência da proposta golpista. Eles dizem ter conhecimento que sugestões de medidas para golpe de Estado chegaram a Jair Bolsonaro quando ele estava na Presidência, mas alegam que esses documentos não circularam em seus gabinetes e, muito menos, em suas casas.

Para esses ex-ministros, a afirmação de Valdemar coloca todos os integrantes do governo Bolsonaro “no mesmo balaio que Anderson Torres”, o ex-chefe da pasta da Justiça que está preso no âmbito da investigação dos atos golpistas de 8 de janeiro. A minuta golpista que abria caminho para tentar mudar o resultado da eleição foi encontrada pela Polícia Federal na casa de Torres.

Integrantes do governo Bolsonaro atuam para se distanciar do episódio, assombrados pelo receio de serem incluídos em uma das investigações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF).

Questionado pelo O GLOBO se as propostas golpistas circulavam no governo, o presidente do PL disse:

— Direto. Teve advogada que veio conversar comigo dizendo que tinha uma saída. Eu dizia: “Põe no papel e manda para cá. E eu não dava bola, porque eu sabia que não tinha", disse Costa Neto.

Ele também afirmou que recebeu várias sugestões para impedir a posse do presidente Lula (PT), mas que ele teve "o cuidado de triturar".

"Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político. Tinha gente que colocava [o papel] no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar", afirma Valdemar.

Ele ainda disse que Bolsonaro foi pressionado a dar o golpe, mas não o fez porque não "viu maneira de fazer".

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