Polícia Civil investigava a aliança entre o miliciano Marquinho Catiri, que foi morto há uma semana em Del Castilho, e o bicheiro Bello, que era procurado pelo MPRJ na Operação "Fim da Linha"
Carro com marcas de bala perto do lugar onde Catiri foi mortoRio/RJ - Um áudio obtido com a autorização da Justiça mostra uma aliança entre o bicheiro Bernardo Bello e o miliciano Marquinho Catiri, dois dos alvos da Operação "Fim da Linha", deflagrada nesta terça-feira (29/11) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) contra a máfia dos jogos de azar.
“A gente firmou uma amizade. Eu também queria te agradecer pela confiança que você teve em mim, de me botar dentro da sua casa, da sua família, dentro do seu negócio”, disse Catiri a Bello.
A Polícia Civil já vinha investigando se Catiri tinha se aliado a Bello desde o começo deste ano.
Bernardo Bello, em foto de arquivoO Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro decorrentes da exploração de jogos de azar. A Justiça expediu 26 mandados de prisão.
Um desses procurados era Bello, que ainda não tinha sido preso até a última atualização desta reportagem. Já Catiri foi morto na semana passada, na Zona Norte do Rio.
‘Agrado’
O áudio, de cerca de meia hora, foi enviado por Catiri a Bello enquanto o bicheiro estava preso na Colômbia, entre janeiro e maio deste ano, pela morte de Alcebíades Paes Garcia, o Bid. Bello é réu nesse crime.
O contraventor obteve um habeas corpus e retornou ao Brasil, onde responde em liberdade. O mandado de prisão desta terça-feira não tem a ver com o atentado contra Bid.
Ao longo do áudio, Catiri conta o que está fazendo com os negócios.
“Eu estou caminhando com as minhas pernas, amigo. Tendo que ‘auto me posicionar’. Como? Assim: estar falando com as delegacias, as especializadas”, narra em um trecho.
“Eu já estou pagando, agradando, das delegacias... igual sempre fiz antigamente... que estão me dando informações corretas e certas do que eles tão fazendo”, diz.
“Policiais, chefes de delegacia, que eu tô agradando. E eu quero fazer um pagamento, fora a cúpula. Porque eles estão mexendo muito nessa situação de me descredibilizar. Fora a cúpula, de pelo menos umas 10 especializadas. Esse dinheiro vai ter que ser retirado da firma e, logicamente, eu vou negociar sempre para baixo. Você pode ter certeza disso”.
Catiri corria na esteira em uma academia quando foi presoCatiri fala ainda ter “a sabedoria dentro do Judiciário”.
“Tanto, amigo, que o meu processo de lavagem de dinheiro caiu. Tanto, amigo, que eu sou réu primário até hoje, com 44 anos de idade. Eu tenho a sabedoria dentro do Judiciário. Eu sei andar. Eu sei fazer colocações, seja ele para o juiz, para o desembargador, para o promotor de justiça, pro melhor advogado. Eu consigo falar de igual para igual com eles.”
O miliciano, que tinha sido preso, mas em liberdade condicinal, informa ainda que faz reunião “todo dia”. “Das oito horas às três horas da manhã referente à contravenção”, detalha.
Catiri também diz ser ameaçado de morte. “A minha cabeça já está valendo quatro milhões. Real, pessoas firmes que mandaram vir na minha direção. Pessoas que não são de conversa fiada. São pessoas muito firmes”, conta.
“Tive que reforçar a minha segurança, Bernardo. Eu não tinha segurança à noite. Hoje eu botei cinco pessoas para ficar comigo à noite, dormindo na orla da praia. Eu estou pulando de casa em casa, mas eu não posso deixar vazia a porta onde eu estou dormindo. Eles ficam um quilômetro de distância, mas ficam, são dois carros 24 horas. Você sabe qual o valor que eu pago para minha segurança, e à noite é polícia. Então, eu tô tendo uns gastos absurdos!”, continua.
Fonte: g1/RJ
Fotos: Reprodução TV Globo
Comentários
Postar um comentário